Museu por quê? Museu para quê? Museu para quem?

Jossye Tessye Manhualaya Téllez
Maria Helena Japiassu Marinho de Macedo
Patrícia Coutinho de Oliveira Sales de Andrade
Tatiana Carestiato
Gustavo Martins de Almeida

Por que somos tão fascinados pelos museus e por que o curioso tanto nos atrai? Talvez seja porque o conhecimento sugestivo nos permita transcender os limites do cotidiano, facear o contraditório, abrir nossas mentes aos sonhos e, assim, alcançar a plenitude de nossa humanidade.

O amor da humanidade pelos museus remonta ao início da idade Moderna. Durante a época das grandes explorações e descobrimentos dos séculos XVI e XVII, as realizações humanas e uma multiplicidade de objetos raros ou estranhos de origem animal, vegetal e mineral eram colecionados e expostos nas centenas de gabinetes de curiosidades ou quartos das maravilhas espalhados pela Europa. Não era raro também se encontrar na coleção dos gabinetes sangue seco de dragão ou esqueletos de animais míticos. Os "Cabinets de Curiosités" na França, "Wunderkammern" na Alemanha e Áustria, "Wonder Chambers" na Grã-Bretanha e "Kunstkammer" na Dinamarca eram mantidos por príncipes ou casas reais, humanistas, artistas ou ricos burgueses; elementos representantes da cultura erudita interessada em conhecer e colecionar o mundo que os cercava (Raffaini, 1993).

Fonte: https://pt.artsdot.com/@@/8Y3G7M-Domenico-Remps-Gabinete-de-curiosidades- (acesso em 17/11/2021).

A popularidade dos gabinetes de curiosidades diminuiu com o nascimento do saber científico, no final do século XVII, quando a cultura da curiosidade foi banida e surgiu a necessidade do método científico. Assim, os gabinetes de curiosidades transformam-se em gabinetes de história natural, subordinados a perguntas científicas. Posteriormente, esses gabinetes foram adquiridos ou doados às universidades, passando para o poder das instituições científicas, que deram origem aos museus contemporâneos (Raffaini, 1993).

Fonte: https://arteref.com/diversos/o-gabinete-de-curiosidades-e-a-origem-dos-museus/ (acesso em 17/11/2021).

O museu passa a apresentar um mundo real impresso, presencial, pintado, esculpido, guardado na memória e fotografado. Com o início do século XX, marcado por uma enormidade de avanços tecnológicos inspirados no crescimento e na movimentação, a velocidade vai dar vida à fotografia em movimento que será transfigurada nas obras cinematográficas (de Almeida, 2021).

No século XX, mais de 55.000 museus nacionais e regionais eram contabilizados em todo o mundo. Este século consagrou o importante papel dos museus em cimentar a afiliação social, histórica e cultural e, simultaneamente, dar amplo acesso a outras manifestações das artes, áreas do conhecimento e diferentes heranças. O acesso tornou-se mais democrático, com a preocupação em incluir novos públicos e propiciar acessibilidade, além de oferecer espaço para manifestações artísticas pautadas pela diversidade.

Também mudou substancialmente a gestão tradicional dos museus e a apresentação de suas coleções de arte ao público (Canat & Guibault, 2015). Entre estas novas formas de apresentação, estão as obras audiovisuais e a exibição de acervos por meio de plataformas digitais e interativas. Poderíamos falar em museus audiovisuais? Com certeza este conceito leva a novas reflexões jurídicas.

Parte 2